terça-feira, 19 de novembro de 2013

CONVERSA COM LEITORES - Sergio Polonia - Criação de Discos - 19/11/13

De: Sérgio Polonia
Para: Ricardo Bordin (Aquabeginner)
Em 19/11/13

Bom  dia Ricardo,
Conforme conversamos ontem pelo facebook, peço dicas sobre a formação dos casais de acará disco. Informo que tenho 10 peixes jovens:
3 Red Melon
3 Super Red Melon White Face
2 Red White
2 Checkboard
Abraços e mais uma vez parabéns pelo brilhante trabalho!

Resposta de Ricardo Bordin (Aquabeginner):
Em 19/11/13

Então Sergio. O principal é vc ter em mente o que realmente quer. Qual o seu principal objetivo? Te explico porque. Se vc pretende formar casais sem importar muito com a mistura, é só colocar todos juntos em um aquário comunitário com alguns pontos possíveis de desova como canos de pvc, telhas de barro ou cones de desova e esperar. A partir dos 9 meses de idade os casais vão se formar naturalmente. A partir daí, não vai adiantar muito deixá-los junto aos outros. Vai ter que separar em um outro aquário de pelo menos 70 litros para que consigam criar seus filhotes.

Agora se vc faz questão de formar casais da mesma espécie, até completarem os 9 meses de vida poderão ficarm em um aquário comunitário. A partir daí, vc tem que separar os indivíduos de mesma espécie em aquários independentes, esperar e torcer para que tenha pelo menos um macho e uma fêmea dentro de cada aquário. Caso tenha pelo menos um macho e uma fêmea, são grandes as chances de formarem um casal.

Aí vem a terceira parte. Se conseguir formar um casal entre dois super red mellon yelow face os filhotes serão melon yelow face tb?
A resposta é NÃO. Os filhotes provenientes deste casal assumirão as cores dos avós que vc não sabe quem são. Eventualmente um ou outro exemplar será yelow face. 
Caso vc crie estes filhotes e consiga formar casais com eles, aí sim suas chances de tirar uns yeolw face aumentarão.

Eu concordo que é sempre melhor ter casais de mesma espécie. Até para vender é uma boa. O valor sobe muito, mas percebe que isto não garante que os filhotes provenientes deste casal não necessariamente serão iguais aos pais...

Ah Ricardo, mas o que faria então?
Sergio, se lembra da primeira pergunta que eu te fiz?
Qual é o principal objetivo buscado com os Acarás Disco.

Vou te contar minha história:
Eu sempre gostei de peixes e quando meu filho me pediu um aquário , não pensei duas vezes para comprar.
Comecei comprando um de 72 litros com filtro hang-on e coloquei alguns peixes de água ácida como mato-grosso, cascudo, algae eater, neons, bandeiras etc.
Tudo bem básico com cascalho de rio e plantas artificiais.

Em uma das minhas idas à Cobasi para comprar peixes, me deparei com um aquário deles que tinha um casal de acara disco. Quando eu ví aquele casal com sua prole nadando em volta deles se alimentando do muco, fiquei doido. Cara, eu enlouqueci de verdade! 
Naquele dia eu disse para mim mesmo. É ISSO QUE EU QUERO TER EM CASA!
A partir daí comecei a estudar este peixe que nem um doido. Comprei livros, participei de debates, conheci criadores, pesquisei quase tudo que estava disponível na época a respeito do peixe, como habitos, habitat, alimentação, criação, temperatura, costumes e características dos aquário para criação.
Após devorar todas estas informações, comprei e montei meu aquário, compartilhando quase tudo o que aprendia em vídeos no meu canal do youtube (www.youtube.com/user/aquabeginner). Cometi alguns erros e muitos acertos, pois estava bem instruído.
Aquele casal que eu conheci na Cobasi era formado por um pigeon blood fêmea e um blue snake skin macho. A peole deste casal tinha baixíssimo valor de venda, mas o simples fato de ver a mágica proporcionadas pelos pais cuidando de seus filhotes era o bastante para que eu não ligasse para o valor comercial que minhas ninhadas proporcionariam. Então comprei alguns belos exemplares das raças mais distintas e deixes todos juntos em meu aquário comunitário. Depois de exatos 8 mêses a mágica começou. Meu primeiro casal se formou entre meu red mellon macho e minha snow white fêmea.
Como eu não tinha como separá-los, as muitas desovas ocorridas não foram para frente, pois assim que as larvas começavam a nadar, os pais os devoravam.
Meu segundo casal se formou entre um milleinium gold mancho e um red turqueza fêmea. Aí era um stress só dentro do aquário com dois casais desovando e marcando território. Os outros apanhavam pracas hehe.
Eu decidi então doar meus primeiros peixes que estavam em meu aquário de 72 litros para uma loja de separei meu primeiro casal neste aquário. Demoraram um pouco para se acastumar com o novo aquário, mas após umas 8 ou 10 desovas, consegui atingir o "MEU" principal objetivo que era ter uma cria natural de acara disco com os pais cuidando de seu filhotes.

Meu segundo casal foi desfeito, pois o red turqueza fêmea perdeu seu macho para uma fêmea de blue diamond. Como os filhotes provenientes deste casal, a exemplo do casal da Cobasi, não têm muito valor comercial e tb não são tão bonitos, eu mantive no aquário principal. Retirei as lavas de uma ninhada para criar artificialmente só para ver o resultado e aprender um pouco esta nova técnica. São os filhotes que aparecem nos vídeos que são bem pintadinhos de preto, parecendo estar enferrujados.

Espero que tenha gostado da história e que aproveite algo dela.

Vou postar esta nossa conversa em meu blog ok. Pode compartilhar com seus amigos e conhecidos que se interessem tb.


Um abraço

Ricardo Bordin
Aquabeginner


De: Sérgio Polonia
Para: Ricardo Bordin (Aquabeginner)
Em 19/11/13

Ricardo,
A historia é fascinante! Na verdade o que me deixa ainda mais contente é perceber que ainda existem pessoas como você que se preocupam em divulgar e ajudar a quem esta iniciando. O que tenho notado que é um erro meu é a ansiedade. Creio que na maioria dos casos é esse o grande vilão. E digo isso pq o meu objetivo final é criação para reprodução, mas não apenas com o intuito de ver os filhotes criados...Tenho realmente a inteção de criar espécies limpas de alguns acarás que acho lindos! Obviamente que depois vem a parte de comercialização que vem em segundo plano (olha eu ai conseguindo conter minha ansiedade).

Deixa eu aproveitar e contar minha historia nesse meio do aquarismo. Meu interesse por aquário vem desde criança, na verdade sempre tive aquarios de goldfish... Mas o fascínio pelos Acarás vem desde essa época. 

Porém não tinha condições de comprar um e também me faltava conhecimento em criá-los, já que quando somos crianças não temos a mesma responsabilidade da que possuimos agora. E sabemos que é um peixe que demanda seus cuidados. Pois bem, depois de velho me deparei, assim como vc, com uma loja aqui em Belo Horizonte em que possuia um casal de Discos (dois belos exemplares de Blue Dimond) e eles me fascinaram. Estou ainda na fase da pesquisa e do conhecimento de criadores, de adquirir livros, e ver vídeo (já te disse que os seus vídeos são excelentes e muito importantes nesse processo). Outro dia li e descobri que temos no Brasil somente um importador dos peixes da malásia, taiwan e região. 

Esse cara fica no RJ, mais especificamente em Nova Iguaçu e isso me deixou ainda mais curioso sobre o pq somente um cara consegue essa permissão junto ao IBAMA e aos demais orgãos para conseguir importar tais espécies. Esse monopólio realmente é algo que ainda n entendi!! Os demais vendedores  pegam os melhores peixes diretamente deste importador para revenda, e essas lojas de internet fazem isso e é aí a galinha dos ovos de ouro. Pq o cara n tem custo de criação... Ele somente revende! Compra no atacado e comercializa com a margem de lucro dele.

Conforme te disse la em cima meu desejo e ver proles de peixes "de fora" (sabemos que esses peixes são amazônicos) sendo reproduzidas com casais iguais... Imagina que lindo ter um casal de Super Red Melon White Face tendo filhotes...Realmente iria ficar ainda mais fascinado!
No mais Ricardo isso não deixa de ser uma utopia e um desejo pessoal. Sem qualquer intuito comercial maior pois tenho meu trabalho tranquilo como servidor público. Mas repatriar espécies da "ásia" e reproduzi-las no Brasil deve ser algo ainda mais desafiador.

Peço que continue esse trabalho de divulgação! Talvez não saiba a importância dele!
Conhecimento deve sempre ser divulgado!

Com relação a parte da genética do peixe essa é uma parte que necessito ler mais... Por sinal vc me orienta algum livro nesse sentido?
Abraço meu amigo!

Vou te informando sobre a evolução dos peixes! Ainda tem muita água pra rolar (literalmente pelo canister rss).

Sergio

Resposta de Ricardo Bordin (Aquabeginner):
Em 19/11/13

Perfeito Sergio,

Então, como vc está querendo comercializar e/ou criar com casais puros, vai ter que pensar um pouco mais a frente e se preparar para isto.
Como Ricardo?
Prevendo espaço, instalações e aquários individuais.
O comunitário não vai ser muito útil para vc. Talvez sirva apenas para ter como enfeite em um cômodo mais nobre em sua casa. 

Vai precisar de uns dois ou três aquários grandes (uns 150 litros) para ter os grupos de peixes de uma mesma espécie e conseguir os casais. E depois mais alguns de 80 a 100 litros que vão abrigar os casais pripriamente ditos. A quantidade vai depender de quantos casais pretende possuir.

Quanto à importação de Discos, não sei bem aos certo nas implicações que se tem quanto se deseja importar diretamente com o produtor, mas creio que não deve ser fácil mesmo.

As documentações provavelmente são difíceis de se obter, mas acho que não deve ser isso que impossibilita outras pessoas, além da pessoal que mencionou, de conseguir.

Os custos são elevados e o risco também. As vezes vale mais a pena pagar um pouco mais e ter a certeza de receber o peixe bem em sua loja do que correr o risco de pagar por algo que pode chegar morto.

Além disso, acho que o produto deve aceitar um pedido mínimo. Acho que tem que ter volume senão não vale a pena. E para ter volume tem que ter mercado para fazer a grana girar rápido. 
Enfim, deve ter muitas variáveis neste negócio.

O que eu sei é que não é fácil conseguir aqui no Brasil peixes com a qualidade da Malásia. O segredo do negócio é a genética e isso ninguém passa adiante. Nem o pessoal da Malásia, nem os brasileiros produtores. 

O que resta a nós hobistas, é compartilhar os resultados particulares obtidos em nossas casas. Mas geralmente são poucas informações, pois não temos um método bem definido para fazer a coisa corretamente. Os resultados são obtidos geralmente misturando muitas variáveis e sempre perdemos o histórico das coisas, pois misturamos os flhotes de um cruzamento com os de outro cruzamento que na maioria das vezes são formados por espécies diferentes e quase sempre sem conhecer os pais do casal.
Ou seja, sem nenhum método.

Eu até tenho vontade de fazer algo legal, com bastante critério, método e bem documentado, mas hoje isto não é possível. Teria que se tornar minha principal atividade e isto dificilmente ocorrerá. Então por enquanto me contento em ajudar aos colegas com o pouco que sei e aprender com a experiência de vocês também.

Agradeço se for compartilhando seus resultados e agradeço principalmente suas palavras. A força que vêm dos comentários de seguidores como você é fundamental para que eu continue motivado a aprender mais para poder compartilhar.

Um abraço

Ricardo Bordin
Aquabeginner.

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