HÚMUS DE MINHOCA COMO
FERTILIZANTE DO SUBSTRATO:
MÉTODO PARA TRATÁ-LO E POSSIBILITAR SEU USO SEGURO EM AQUÁRIOS
MÉTODO PARA TRATÁ-LO E POSSIBILITAR SEU USO SEGURO EM AQUÁRIOS
Tenho usado há quatro anos (desde março de 2000) o
húmus de minhoca como elemento fertilizante em substrato para plantas
aquáticas, com excelentes resultados, e absolutamente nenhum problema que possa
ser relacionado a esse material.
Tendo lido vários textos sobre substratos e
fertilizantes possíveis de utilização segura em aquários ou para plantas
aquáticas, logo percebi que esse seria o material mais acessível tanto em
disponibilidade no comércio, em nível nacional. Observação importante é que
praticamente 99% desses textos não eram brasileiros, ou seja, tratavam de uma
realidade diferente, onde se encontra com facilidade e por preços módicos
materiais como turfa, vermiculita, aditivos comerciais diversos e específicos à aquariofilia etc.
Uma das considerações praticamente unânimes sobre o
húmus de minhoca nesses textos era sua alta carga biológica e de material
orgânico, o que antes de ser problema, encarei como qualidade: bastaria
diminuir essa quantidade de material até um nível adequado, que não oferecesse
perigo; quanto à carga biológica, bastaria ser esterilizada via aquecimento.
Assim, procurei desenvolver um método simples,
barato e acessível que tornasse mais seguro o uso do húmus de minhoca no
aquário plantado. Para tanto, teria que eliminar os “excessos” que
inviabilizariam o seu uso, já que havia recolhido relatos via internet de
colegas que utilizaram o húmus sem tratamento (direto da embalagem). Esses
relatos eram em extremo semelhantes, sempre fazendo menção à formação excessiva
de bolhas de gás no interior do substrato, emanação de gases fétidos (H2S e
outros gases tóxicos), problemas com as raízes das plantas, surtos de algas
incontroláveis, problemas de saúde dos peixes, enfim, colapso de todo o
sistema.
Características do Húmus de Minhoca
Alguma vez você já se perguntou por que esse
material se chama "húmus de minhoca" e não "estrume de
minhoca" ? Ou mesmo “cocô” de minhoca ?
Antes, uma resumidíssima consideração sobre o termo
“húmus”. Todo material orgânico que decai até o ponto em que não há mais
decomposição microbiana é chamado húmus. Geralmente esse já está finamente
particulado, passando a constituir parte importantíssima do solo,
garantindo-lhe propriedades de fertilidade e retenção de umidade.
As minhocas ocupam papel de grande destaque na
natureza, não apenas pelo fato de aerar e descompactar o solo, mas
especialmente por ser capaz de aproveitar de maneira tão completa o seu
alimento (praticamente qualquer matéria orgânica livre, geralmente de origem
vegetal) que, ao defecar o que não foi absorvido, esse material (coprólitos)
encontra-se praticamente humificado, isso é, está tão mineralizado que não há
praticamente mais ação microbiana decompositora possível. Por isso recebe o
nome de “húmus de minhoca”.
Isso se deve a uma fantástica ação de quebra
molecular da matéria orgânica ingerida por ação enzimática nos intestinos da
minhoca.
Como vimos, o húmus natural dos solos e o húmus de
minhoca compartilham características comuns, mas não devemos nunca confundir as
duas coisas. Mas vale esclarecer que o húmus natural do solo é também possível
de ser usado como substrato de aquário plantado com segurança.
Algumas características que demonstram a grande
versatilidade e adequação do húmus de minhoca como material fertilizante para
substrato de aquários plantados:
1) Alta capacidade de
trocas catiônicas (CTC) – é 30 vezes maior que a maioria das argilas que
ocorrem no Brasil ;
2) Rico em micro e
macro elementos – análise média: matéria orgânica 40 a 55%; Nitrogênio 1,7 a
2,0%; Fósforo 1,4 a 3,8%; Potássio 1,4 a 2,2%; Cálcio 5,4 a 7,2%; Magnésio 0,8
a 1,3%; Ferro 0,8 a 1,8%; Manganês 550 a 770mcg; Zinco 420 a 1200mcg; Cobre 200
a 300mcg; Cobalto 15 a 40mcg;
3) Preço baixo – o mais
caro que você vai encontrar é sempre menos de R$ 2,00 o Kg no varejo;
4) Acessibilidade –
atualmente se encontra com facilidade até em hipermercados, como
tradicionalmente em floras, lojas de jardinagem etc;
5) Granulometria
excelente -- sendo finamente particulado (semelhante a argilas), possibilita a
formação de raízes secundárias e até pelos radiculares, que por sua vez
proporcionam otimização quase total na nutrição radicular das plantas (isso não
é conseguido mesmo pelo uso de areia fina);
6) Segurança -- se
houve qualquer tipo de contaminação por pesticida / produtos tóxicos no
material de alimento às minhocas, não há como ocorrer a formação de húmus -- as
minhocas morrem antes; e não se pode, de fato, usar pesticida na criação das
minhocas, senão elas morrem;
7) Ecologicamente
correto – é 100% natural, matéria orgânica que ao invés de poluir serviu de
alimento para as minhocas, e agora se apresenta como matéria praticamente
biologicamente humificada; e não envolve mineração de qualquer tipo, com
derrubada de matas, destruição de encostas de rios, nascentes etc.
Tratamento do húmus de Minhoca: como fazer
O “tratamento” dá um pouco de trabalho, mas rende
bastante. Se fizer com quantidade pequena, mais rapidamente estará feito; mas
se fizer com quantidade maior, rende mais, porque dá para guardar o excedente
(depois de seco ao sol) por muito tempo, e depois usar quando precisar.
Materiais:
· um recipiente para efetuar as lavagens e fervura:
balde de alumínio é o mais indicado
· húmus de minhoca puro (sem aditivos);
· água limpa (de torneira);
· um fogão ou fogareiro
Método:
1) Adquira húmus 100%
puro, sem fertilizantes, conservantes etc; você o encontra desde floriculturas
e floras, até em alguns grandes supermercados;
2) Dê uma primeira
lavada, da seguinte forma: encha o recipiente até a boca, sem deixar vazar; mas
agitando com a mão enquanto enche – vá desmanchando torrões e aglomerados;
depois disso feito, espere uns minutos e com muita delicadeza, vá entornando o
balde lentamente, de modo que apenas a água com o material em suspensão seja
jogada fora (a “água suja”); pode repetir isso mais uma ou duas vezes,
eliminando tudo aquilo que flutue;
3) Com água cobrindo no
mínimo 3 cm acima do material, ferva-o por cerca de 10 - 15 minutos; cuidado
que pode formar-se espuma e transbordar, então nunca encha de água até as
bordas do balde;
4) Espere dar uma
esfriada (não vá se queimar !!! Cuidado !!!), e então comece a lavar da mesma
forma que foi descrito no item 1; lave bastante (várias e várias vezes),
eliminando todo o material mais leve e que turva a água e permaneça em
suspensão depois de 1 a 2 minutos depois que você cessa de agitar;
5) Ao final dessas
lavagens não se deve perder mais que 30% do volume original do húmus; o que
está sendo “perdido” é apenas a maior parte da matéria orgânica e material
microparticulado que pode vir a facilmente turvar a água do aquário.
Dica: você pode regar plantas com a água que vai
ser eliminada nessas lavagens, pois a mesma é um “caldo” rico em nutrientes.
6) A hora de parar de
lavar: é difícil esclarecer isso por palavras. Tenho feito isso a partir do
ponto em que a água dentro do balde, mesmo turva, começa a dar alguma
visibilidade – pode-se ver a mão mergulhada a 10 – 15 cm de profundidade;
também não deve mais haver materiais grandes (pedacinhos de galhos, folhas ou
ovos de minhoca) que flutuem. O material final deve conservar textura
semelhante ao húmus original, com certa aglutinidade e, em aparência,
igualmente semelhante ao húmus original, de cor marrom escuro.
O ideal é ainda colocá-lo em camada não espessa, em
bacias ou folha de plástico (pode-se cortar um saco, abrindo-o e estendendo-o)
sob sol forte para que seque de uma vez. Assim, esse material pode ser guardado
por muito tempo (mais de ano), e facilita demais o seu emprego na composição de
novos substratos (facilita misturar à areia).
Mas se não puder secá-lo, ou estiver com muita
pressa, já pode aplicar direto no aquário, mas nunca direto na água: é na
montagem inicial (em aquários já montados, pode-se usá-lo usando técnicas
descritas abaixo).
Dosagens
Sugiro sempre que faça o uso do húmus de minhoca
com moderação. Também recomendo que o use "diluído" com areia grossa
já lavada (granulometria 1 a 3mm), de preferência nas proporções de 50% de
areia e 50% húmus.
As quantidades devem ser entre 1 a 2 Kg de húmus já
tratado para cada 50 litros do volume bruto do aquário; por exemplo, num
aquário de 100 litros recomendo usar entre 2 e 4 Kg de húmus.
Procure evitar usá-lo na camada mais profunda do
substrato, especialmente se esse for muito espesso (mais de 10cm); o melhor é
colocá-lo devidamente misturado a material inerte (areia), compondo uma camada
intermediária do substrato, e sempre coberto por uma última camada de no mínimo
3-4cm de areia pura, de modo que essa isole as demais camadas da coluna d’água.
Em aquários já montados dá para usar o húmus
tratado colocando-o em vasos a serem enterrados no substrato (não esqueça de,
nos vasos, colocar uma camada de areia por cima antes de inserir o vaso no
aquário).
Uma técnica também é possível, e que já usei
bastante, são os “pacotes” de refertilização. Com o húmus seco, o misturamos à
areia (50 a 50%) e/ou outros materiais (outros fertilizantes, argila etc). Essa
mistura deve, então, ser envolvida / embrulhada com papel manteiga, do usado em
culinária. Não use muito papel, apenas o suficiente para fazer o embrulho. Para
fechá-lo, faça dobraduras no papel.
Para colocar o embrulho no substrato faz-se assim:
previamente, limpe a área a ser refertilizada, se necessário desenterrando
plantas; afaste parte do substrato, fazendo ou cavando uma cova, onde o
embrulho será depositado; seja rápido, mas delicado, ao colocar o embrulho,
pois o papel logo pode se desfazer; por fim, cubra novamente a “cova” com o
embrulho. Se quiser acelerar o processo, você pode furar o embrulho com alguma
haste longa e fina – mas não se esqueça, sempre faça isso apenas depois de
enterrado o embrulho!
Outra forma um pouco mais trabalhosa é colocar o
húmus tratado seco e puro em cápsulas gelatinosas (dessas usadas com
medicamentos), que serão então enterradas junto das raízes das plantas.
E uma última opção é fazer bolotas de argila com
recheio de húmus, cozendo essas bolotas em forno até ficarem secas e duras, e
então proceder como no caso das cápsulas – enterra-se junto às raízes das
plantas.
boa tarde
ResponderExcluirvc mistura 50%de humos e 50% de areia fina para montagem?